domingo, 5 de outubro de 2014

Rock 'n' Roll Lisbon Marathon-2014



De volta aos grandes eventos (desportivos)...

Foram cerca de 22 mil os atletas, de 72 países que hoje participaram, do mega evento na capital mais linda do mundo e arredores a Rock´n´Roll Lisbon Marathon, e apesar de ser apenas a segunda edição, a par da Meia-Maratona de Portugal e da sua irmã mais velha a Meia-Maratona de Lisboa estão entre a elite mundial com o selo "Gold Label", atribuída pela I.A.A.F., motivo para nos deixar orgulhosos tem esta distinção somente as maratonas de Nova Iorque, Boston, Londres e Berlim.

A prova rainha, com partida em Cascais (08H:30) e a Meia-Maratona de Portugal, com começo (10:30) no tabuleiro da ponte Vasco da Gama, ambas com  o destino de chegada instalada no Parque das Nações.

Segundo dados da organização a participação em massa, voltou a bater recordes, contou com a presença de 17 mil participantes, sendo que a mini-maratona (5.5Km) eram cerca de 11 mil e cerca de 3.600 os inscritos na Maratona

Depois de na semana passada, na Maratona de Berlim, o queniano Dennis Kimetto, ter-se tornado o primeiro atleta a correr a mítica distância em menos de 2:03: 00, aventurei-me para agora ser eu conquistar Lisboa o mundo, preparando-me para destroçar o actual recorde mundial, mas este relato fica para outras núpcias...

Para dar jus ao nome Rock´n´Roll, "deram" nos música 26 bandas que actuaram durante a totalidade do percurso e para terminar em apoteose, na meta instalada debaixo da pala do Pavilhão de Portugal a banda de Almada, UHF, uma das mais antigas de Portugal.

A nata fina também esteve presente na prova rainha o Philip Limutai, Samuel Ndungu, Danielle Meucci na Meia-Maratona a estrela-mor o recordista mundial o eritreu Zerzenay Tadesse, recorde este ainda actual (58m 23s) na meia-maratona da Ponte 25 de Abril, quanto aos nossos atletas Hermano Ferreira; Yousef el Kalay, Sara Moreira, Ana Dias e Doroteia Peixoto.

Um amigo corredor e (ex)bloguista, nas redes sociais ao felicitar-me, após ter feito a minha quarta maratona sem treinos, fez o seguinte comentário: Fábio, qualquer dia tu escreves um livro: " Como Correr uma Maratona sem Treinar".

Claro que achei piada e apesar de orgulhoso e contente, é um  procedimento completamente incorrecto e caso se cometa este erro, então não há remédio senão ir para esta "aventura" com o único objectivo de terminar.

Na véspera, Sábado, tive que trabalhar, cheguei a casa de tarde, e comecei a preparar o que iria levar, a notinha da praxe (20 euros), no bolso dos calções, juntamente com uma imagem do meu santo protector o Padre Pio, os "boost" de maltodrextina, vaselina, o Ipod carregado, máquina fotográfica, com baterias carregadas, assim como o Garmin, o dorsal na t-shirt, meias e ténis tudo junto.

Almocei um pratão de esparguete, e ingeri muita água durante o dia, lanche chá de maça e canela e aletria, ao jantar novamente aletria e um pão com queijo, deitei-me quase de seguida, antes das 22 horas.

Despertador inicialmente para às 04: 40, mas que depois alterei para a hora certa, 5 horas.

Acordei bem disposto, tomei o meu banhozito, vaselina nos pés, no peito por causa da cinta do GPS, nas virilhas e debaixo do relógio, quase tudo onde poderia haver fricção. Tinha pensado deixar o carro no Caís do Sodré, nos Meninos do Rio, mas pensei (melhor) e decidi deixar em Alcântara, onde há sempre estacionamento disponível, evito entrar em Lisboa e basta atravessar a estrada para apanhar o comboio e pelo Eixo Norte-Sul, num ápice estou no meu destino.

Dito e feito, durante a semana estive a ver os horários dos comboios, ficou decidido que iria no que partiria às 07: 00 do Caís do Sodré e que chegaria 5 minutos mais tarde a Alcântara.

Cheguei a Cascais às 07: 40 e dirigi-me em direcção ao hipódromo, juntamente com outros atletas, muitos de diferentes nacionalidades, estive com amigos e conhecidos e fui serenamente para o local da partida.

Liguei o Ipod e decidi por rádio (Nostalgia) e foi uma excelente opção, foi a minha companhia na minha jornada (não) solitária, com algumas músicas que me fizeram recordar a (bela e saudosa) infância e juventude e algumas que serviram de "powersongs"

O tempo estava agradável, óptimo para correr, e lá fui eu a meu passo sempre a controlar o ritmo cardíaco, temos que conhecer bem o nosso corpo, saber a frequência máxima, a de repouso e tentava a controlar, não subindo mais dos 150 bpm.

Saímos da vila, após termos passado pela Boca do Inferno, e na baía de Cascais era o terceiro quilómetro, evitou-se aquela ida monótona ao Casino do Estoril e durante os abastecimentos, molhava os lábios e a cara procurando-me refrescar.

E passo após passo, correndo devagar, vou tentando alcançar com o olhar a ponte 25 de Abril, era a minha referência, já tinha feito os tais três quilómetros da vila e pensei para os meus botões, agora vais fazer a Corrida da Linha Médis/Destak (10 Km) e depois da praia de Carcavelos até Oeiras fazes a Corrida do Tejo e com isso, mais ou menos faria a metade da distância preconizada.

De ali em diante já conseguiria avistar a ponte 25 de Abril, a cadência era de 7 por vezes 6 minutos e 40 por quilómetro.

Passámos pela estação de Belém e logo a seguir o CCB e os Mosteiros dos Jerónimos, já tinha corrido cerca de 25 Km, entretanto sem me dar conta já estou em Alcântara, onde estava o carrinho, o GPS indicava-me 28 Km, olhei em frente e segui, bem, já que estás já aqui, agora vais até ao Caís de Sodré apanhas o comboio e voltas para casa para um belo almocito.

Passo pelo Caís de Sodré, tive tentado a ir beber uma ginjinha de Óbidos para repor a glicose, mas felizmente desisti da (maluca) ideia e sem me dar conta fui até à Praça do Comércio, entra-se pela Rua do Ouro, até aos Restauradores, a cidade estava apinhada de gente, especialmente turistas, que incrédulos olhavam para quem estava a correr, alguns aplausos e palavras de incentivo.

De volta à Praça do Comércio o amigo Miguel Baptista tira-me uma foto e após breve troca de palavras, já estou em Santa Apolónia, local onde se efectuava o retorno da Meia-Maratona. De vez em quando lá ia molhado a boca e o corpo, nesta fase o "muro" estava muito alto, tive que abrandar e sem parar em passo rápido, vulgo, caminhada o relógio GPS indicava-me que deslocava-me a 10 min/Km, mas nada poderia fazer, agora com novo horizonte traçado e sem sequer ousar correr, arrastava-me penosamente, agora nesta fase observava muitos atletas em situação idêntica à minha.

Agora queria era ver a ponte Vasco da Gama, desistir era morrer na praia, nem pensar, continuo a ouvir rádio em passo acelerado, finalmente depois de passar a zona industrial e contentores, ao entrar no Parque das Nações, volto a ganhar vigor e energia e mesmo que lentamente, retomo a corrida, contudo vou para os passeios, uma vez que o percurso era de basalto, um pé mal colocado seria a morte do artista, depois disto uma última subida e estaria na Avenida das Descobertas, uma multidão que já tinha terminado as provas, já estavam na Estação do Oriente, derradeiros metros corro para a fotografia, mas com o cuidado de não cair, pois voltamos a encontrar o piso irregular e massacrante.

Cortei a meta, fui buscar a medalha, comi um gelado que por mim esperava e satisfeitíssimo da vida, comecei a pensar no meu feito.

É certo que não sei se poderei considerar-me maratonista, pois muitas vezes caminhei, o que seria suficiente para se ser desclassificado, mas para mim, não tem importância, que me considerem ou não maratonista, o que sei é que tenho o ego elevado e todo este suor, sacrifício e sofrimento (três S´) serviram para dedicar à minha mulher, que religiosamente se preocupa com as minhas maluqueiras da corrida e à minha bonita e querida filhinha.

Sejam felizes e até à boda de ferro e madeira, no Porto, já no princípio de próximo mês, mas que desta vez com treinos, pois aprendi a lição que sem treinos, maior é o sofrimento e irei treinar...

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