"Quien no ha visto Sevilla, no ha visto maravillha!" - dito popular (antigo) sobre esta cidade, situada no sul de Espanha e destino dos amantes do flamenco e não só...também os da corrida!
A minha internacionalização foi aqui na capital da Andaluzia...Maratona de Sevilha!
Edição que superou largamente o recorde de participação, mais de 7.000 inscritos, sendo que o nosso contigente foi o mais representado, com 415 atletas e outros tantos de outras nacionalidades.
Circuito rápido e plano, passando por locais emblemáticos da cidade, como a Plaza de Espãna, La Torre del Oro, La Giralda e La Maestranza, além dos belos exemplos de arquitectura do centro de Sevilha.
Partida no exterior do Estádio Olímpico às 09H: 00 e chegada (sempre) apoteótica dentro do referido recinto desportivo.
Para se fazer uma maratona há que haver equilíbrio entre o corpo e a mente, embora eu aposte sempre na vertente psicológica e no da superação própria.
Uma corrida tem sempre três vencedores: o que chega em primeiro, o que compete consigo mesmo e o que consegue terminar, pois eu nesta linha tive que lutar por dois objectivos, o primeiro e principal que era acabar a prova e só depois (pensar) em melhorar o meu registo na mítica distância.
"O fazer uma maratona começa dentro de nós!" E foi com frases como esta que uma vez mais motivei-me para fazer a minha terceira maratona.
Partida sábado de manhã pelas 8 horas e chegada ao Estádio Olímpico pelas 14H: 00, sendo que no fuso horário, do nosso país vizinho é uma hora a mais, para levantamento dos dorsais que se efectuou coordenadamente e de modo rápido e breve passagem pela feira desportiva, para depois irmos almoçar e obviamente que só poderia ser hidrato de carbono de absorção lenta, massas ou esparguete e assim foi deslocamo-nos até ao centro e num beco encontramos um restaurante agradável, onde depois da refeição e convivermos, fomos dar um passeio e conhecer alguns locais.
No final da tarde, tratar do "check-in" e descansar um bocado, sendo que por volta das 20H: 00 fomos jantar a um restaurante italiano que estava bem referenciado e situado nas imediações do hotel.
Recolhemos aos quartos pelas 22H: 30 e depois de preparar o equipamento, ainda estive a ler acerca da prova e a ver um pouco de televisão para relaxar. Coloquei o despertador para às 06H: 10 e deitei-me tendo adormecido de imediato.
Dia seguinte, com o peso da responsabilidade e o nervoso miudinho a questionarem-me o que andava eu ali a fazer acordei às 05H: 30 e não mais "preguei" o olho, fazer a maratona mas para quê, será que sou maluco?
Levantei-me liguei a TV para ouvir as notícias e fui tomar um duche, vaselina nos pontos de fricção e pomada de aquecimento, ao pequeno almoço, bebi meio litro de bebida isótónica, comi uma banana, quatro bolachas de aveia e uma fatia de broa.
Às sete e meia da manhã e mais 7 minutos, atenção ao pormenor, isso porque houve quem se tivesse atrasado, mais tido a preoucupação de enviar um sms informando que dentro do tempo estabelecido os três mosqueteiros estariam reunidos na recepção do hotel, faltando apenas o D´Ártagnan Hamilton que tinha ficado em Lisboa.
Rumo ao local da prova, após uma caminhada de cerca de dois quilómetros e meio, pois não encontramos estacionamento perto da meta e em passo acelerado, chegámos a tempo de entregar as nossas mochilas e apressadamente ir para a meta.
Desta vez dividi a distância em três vezes, segundo os entendidos é o aconselhável, assim faria(mos) a meia maratona, depois 10 quilómetros e finalmente os 11 quilómetros finais.
A primeira parte do percurso até correu bem, sentia-me bem, pois corri na minha margem de conforto, média de pulsação a 130 bpm ao ritmo de 06: 40min/Km.
Na segunda parte a fadiga já começava a dar sinais fortes que seria obrigatório/forçado a abrandar, mas impulsionado pelo Rui Carmo, chegámos ao abastecimento ao quilómetro 30, aqui perdemos algum tempo, quase que almoçei, bebi água, bebida isotónica, banana, umas deliciosas passas e uma barra de chocolate, aqui foi o erro segundo o Carmo, demoramos demasiado tempo para voltar a "(re)encontrar" o nosso ritmo e vim-me abaixo, começando a fazer 8/9 min/Km.
Um quilómetro mais à frente, a (disparatada) corredora que no início tinha visto a correr completamente descalça, estava a ter assistência médica, aqui o denominado muro, também um atleta em paragem cardio- respiratória, assim como no último quilómetro em que outro atleta desfalecia, aqui temos que ser ainda mais fortes e seguir em frente...
Na derradeira etapa, sofrimento e dor, mas tendo alcançado o objectivo que era fazer a distância abaixo das cinco horas e assim foi, olhei para o rélogio e parei quando completei os 42.195 Km e entrei para o Estádio para cortar a meta lado a lado com o inseparável Rui Carmo, que nos derradeiros quilómetros rebocou-me impondo um ritmo forte.
Valor da inscrição acessível, tendo esgotado antes de terminar o prazo, todos os quilómetros assinalados, percurso com uma linha verde a indicar o trajecto, abastecimentos híper mais que suficientes, se assim poderei "dizer", composto por água a cada 5 km e a partir do 25Km, acompanhados com abastecimentos sólidos igualmente farturosos, (deliciosas) passas, bananas e barras energéticas,esponjas a cada 2.5 Km oferecida pelos voluntários e gente simpática que ao longo do percurso gritava pelo nosso nome, dorsais personalizados, por Portugal e com palavras de apoio "Venga campéon, animo..." eles também estão de parabéns por terem nos recebido tão acolhedoramente.
Nota máxima para a organização e um só adjectivo: espectacular!
No final senti o esforço recompensado e a gratificação de ter-me superado!
Uma palavra de enorme agradecimento a todos os que acreditaram em mim, e em especial ao Rui Gameiro o impulsionador e logísta, ao Rui Carmo inseparável companheiro, Cristina Alexandre pela simpatia, à minha maravilhosa família e à Sandra Oliveira, que têm que aturar-me nestas coisas loucas da corrida!
Agora que venha já a próxima...desde que não seja ao virar da esquina ;-)
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