terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Maratona Internacional de Lisboa-2011 (parte 2)


Da esquerda para a direita: Ivo Rosa, Henriqueta, Eu, Carlos Renato, José Magro e Hamilton Dias:Foto retirada pelo Rui Gameiro
If you want to run, run a mile. If you want to experience a different life, run a marathon. - Emil Zatopek

 A maratona não é somente uma prova de esforço físico fora do comum, é igualmente uma extraordinária aventura humana que transcende os valores morais e a solidariedade durante o esforço.

Qualquer prova, seja qual for a distância deve ser sempre dividida em 3 partes, seja ela uma prova de 10 Km ou uma maratona, assim o fiz mentalmente, primeiro teria que fazer 15 Km, seguidos de outros 15 Km e finalmente seriam "só" 12 Km e pouca coisa…

Como já tinha referido, passei toda a prova a ouvir rádio, logo na partida nas notícias das  09: 00, tomei conhecimento que o médico, mas também conhecido como jogador da Selecção brasileira que marcava penáltis de calcanhar,  tinha falecido devido a uma septicémia, embora triste com este acontecimento, sentia-me bem e deve ter sido a parte do percurso em que corri mais rápido. 
Com o José Magro sempre alegre e a distribuir boa disposição, parecia o Papá, toda a gente o conhecia e conhece todas gente, ao meu lado o Hamilton também com o seu MP3. 

Desde o início no relógio nunca liguei para o tempo o mostrador estava nos quilómetros efectuados e nos batimentos cardíacos, preocupava-me com que a pulsação não chegasse aos 150bpm, isso consegui na perfeição, sempre que se aproximava um  bocado mais, baixava o ritmo, nesta parte do percurso chamou-me a atenção um atleta italiano, que ia pedindo aos transeuntes que lhe tirassem fotos, ou ele próprio fotografava-se,  assim foi perto do Estádio Alvalade, no Colombo e quando estavamos ao lado do Estádio mais bonito do planeta. 
Não quis o abastecimento do 5 Km, só tendo molhado a boca no 10 Km e prescindi do 3º. abastecimento.

Nos outros 15 Km, depois de ter falhado por minha vontade o abastecimento, começamos a descer a António Augusto Aguiar, em direcção ao Marquês do Pombal, Avenida da Liberdade e mesmo com a descida acentuada, tentei não imprimir um andamento mais rápido, com a pulsação a descer tinha que ser constante, no Rossio e Cais do Sodré muita gente a assistir e a baterem palmas, uma turista aproxima-se de mim e olha para o meu dorsal, e grita eufórica o meu nome, fico espantado, olho para baixo e reparo que os dorsais eram personalizados, o Hamilton com um largo sorriso ao aperceber-se da situação ri-se, o José Magro impávido troca e baldroca com aquele ou outro atleta, mas impávido e a tentar levar o barco a bom porto, ao 25 Km. denoto uma grande quebra, ao aproximar-se o abastecimento tomo um gel de recuperação rápida, tomo água, levo outra e como uma barra de cereais de chocolate, a seguir ao CCB a minha amiga e colega Lurdes Alves, com a objectiva pronta para disparar e algumas palavras de estímulo, agora ao nosso lado o maratonista Paulo Lapão que percorre alguns quilómetros connosco e que com uma simples frase, transmite-me energia “ vais bater o teu recorde pessoal!”, abandona-nos e já no 30º. Km sinto que os joelhos começam a fraquejar, outro gel e devoro avidamente uma laranja o José Magro insiste comigo para comer bananas para evitar as câimbras, esta parte do percurso apesar de plana torna-se monótona, é um trajecto de ida e volto, mesmo com a companhia do rio Tejo.

Terceira e última parte, agora “” faltam 12 Km, para trás já estava mais de metade da prova feita, desistir aqui era morrer na praia, mas tal palavra nunca me passou pela cabeça, estava cansado, a pulsação dentro do limite estabelecido, apesar dos joelhos começarem a dar sinais, agora em ritmo ainda mais lento, o muro dos 30 km para mim era  psicológico, pois aplica-se a atletas de elite que correm abaixo das 2H:30, na sua maioria como nós surge bem mais cedo.

Aqui a pior parte do percurso, depois da zona ribeirinha, entramos na baixa lisboeta, depois da Praça do Comércio e da Praça da Figueira  enfrentar o “Adamastor” ao 35 Km começar a subir a Almirante Reis, mas aqui já nada me demovia, apesar de ritmo lento nunca parei até ao cimo, agora o Hamilton olhava-me constantemente pois apercebeu-se que por vezes tropeçava porque estava a arrastar os pés, o padrinho encorajava tomando a liderança, depois de vencido o Cabo da Tormentas, virava-me para o Hamilton levantava o polegar e dizia-lhe “já está no papo…conseguimos”, agora era usufruir do momento, à entrada do estádio o grande impulsionador desta odisseia, o Rui Gameiro a entrevistar-nos e a  dar o empurrão final! 

Após cortar a meta, abraçamo-nos e felizes dirigimo-nos para as bancadas onde efusivamente nos aguardavam, também quem não posso esquecer, a Henriqueta Solipa, Carlos Renato, Mário Lima, Joaquim Adelino, Jorge Almeida, José Carlos Melo e o Rui Gameiro.

Agora...que venha a próxima!

Da esquerda para a direita: Carlos Renato, Jorge Almeida,Henriqueta Solipa, José Lopes;Joaquim Adelino e Mário Lima
Fotos Xistarca: aqui
Vídeo da Chegada: aqui