De volta aos grandes eventos (desportivos)...
Foram cerca de 22
mil os atletas, de 72 países que hoje participaram, do mega evento na
capital mais linda do mundo e arredores a Rock´n´Roll Lisbon Marathon, e apesar
de ser apenas a segunda edição, a par da Meia-Maratona de Portugal e da
sua irmã mais velha a Meia-Maratona de Lisboa estão entre a elite
mundial com o selo "Gold Label", atribuída pela I.A.A.F., motivo para
nos deixar orgulhosos tem esta distinção somente as maratonas de Nova
Iorque, Boston, Londres e Berlim.
A prova rainha, com partida em
Cascais (08H:30) e a Meia-Maratona de Portugal, com começo (10:30) no
tabuleiro da ponte Vasco da Gama, ambas com o destino de chegada
instalada no Parque das Nações.
Segundo dados da organização a
participação em massa, voltou a bater recordes, contou com a presença de
17 mil participantes, sendo que a mini-maratona (5.5Km) eram cerca de
11 mil e cerca de 3.600 os inscritos na Maratona
Depois de na
semana passada, na Maratona de Berlim, o queniano Dennis Kimetto, ter-se
tornado o primeiro atleta a correr a mítica distância em menos de 2:03:
00, aventurei-me para agora ser eu conquistar Lisboa o mundo, preparando-me
para destroçar o actual recorde mundial, mas este relato fica para
outras núpcias...
Para dar jus ao nome Rock´n´Roll, "deram" nos
música 26 bandas que actuaram durante a totalidade do percurso e para
terminar em apoteose, na meta instalada debaixo da pala do Pavilhão de
Portugal a banda de Almada, UHF, uma das mais antigas de Portugal.
A
nata fina também esteve presente na prova rainha o Philip Limutai,
Samuel Ndungu, Danielle Meucci na Meia-Maratona a estrela-mor o
recordista mundial o eritreu Zerzenay Tadesse, recorde este ainda actual
(58m 23s) na meia-maratona da Ponte 25 de Abril, quanto aos nossos
atletas Hermano Ferreira; Yousef el Kalay, Sara Moreira, Ana Dias e
Doroteia Peixoto.
Um amigo corredor e (ex)bloguista, nas redes sociais ao felicitar-me,
após ter feito a minha quarta maratona sem treinos, fez o seguinte
comentário: Fábio, qualquer dia tu escreves um livro: " Como Correr uma
Maratona sem Treinar".
Claro que achei piada e apesar de orgulhoso e contente, é um
procedimento completamente incorrecto e caso se cometa este erro, então
não há remédio senão ir para esta "aventura" com o único objectivo de
terminar.
Na véspera, Sábado, tive que trabalhar, cheguei a casa de tarde, e
comecei a preparar o que iria levar, a notinha da praxe (20 euros), no
bolso dos calções, juntamente com uma imagem do meu santo protector o
Padre Pio, os "boost" de maltodrextina, vaselina, o Ipod carregado,
máquina fotográfica, com baterias carregadas, assim como o Garmin, o
dorsal na t-shirt, meias e ténis tudo junto.
Almocei um pratão de esparguete, e ingeri muita água durante o dia,
lanche chá de maça e canela e aletria, ao jantar novamente aletria e um
pão com queijo, deitei-me quase de seguida, antes das 22 horas.
Despertador inicialmente para às 04: 40, mas que depois alterei para a hora certa, 5 horas.
Acordei bem disposto, tomei o meu banhozito, vaselina nos pés, no peito
por causa da cinta do GPS, nas virilhas e debaixo do relógio, quase tudo
onde poderia haver fricção. Tinha pensado deixar o carro no Caís do
Sodré, nos Meninos do Rio, mas pensei (melhor) e decidi deixar em
Alcântara, onde há sempre estacionamento disponível, evito entrar em
Lisboa e basta atravessar a estrada para apanhar o comboio e pelo Eixo
Norte-Sul, num ápice estou no meu destino.
Dito e feito, durante a semana estive a ver os horários dos comboios,
ficou decidido que iria no que partiria às 07: 00 do Caís do Sodré e que
chegaria 5 minutos mais tarde a Alcântara.
Cheguei a Cascais às 07: 40 e dirigi-me em direcção ao hipódromo,
juntamente com outros atletas, muitos de diferentes nacionalidades,
estive com amigos e conhecidos e fui serenamente para o local da
partida.
Liguei o Ipod e decidi por rádio (Nostalgia) e foi uma excelente opção,
foi a minha companhia na minha jornada (não) solitária, com algumas
músicas que me fizeram recordar a (bela e saudosa) infância e juventude e
algumas que serviram de "powersongs"
O tempo estava agradável, óptimo para correr, e lá fui eu a meu passo
sempre a controlar o ritmo cardíaco, temos que conhecer bem o nosso
corpo, saber a frequência máxima, a de repouso e tentava a controlar,
não subindo mais dos 150 bpm.
Saímos da vila, após termos passado pela Boca do Inferno, e na baía de
Cascais era o terceiro quilómetro, evitou-se aquela ida monótona ao
Casino do Estoril e durante os abastecimentos, molhava os lábios e a
cara procurando-me refrescar.
E passo após passo, correndo devagar, vou tentando alcançar com o olhar a
ponte 25 de Abril, era a minha referência, já tinha feito os tais três
quilómetros da vila e pensei para os meus botões, agora vais fazer a
Corrida da Linha Médis/Destak (10 Km) e depois da praia de Carcavelos
até Oeiras fazes a Corrida do Tejo e com isso, mais ou menos faria a
metade da distância preconizada.
De ali em diante já conseguiria avistar a ponte 25 de Abril, a cadência era de 7 por vezes 6 minutos e 40 por quilómetro.
Passámos pela estação de Belém e logo a seguir o CCB e os Mosteiros dos
Jerónimos, já tinha corrido cerca de 25 Km, entretanto sem me dar conta
já estou em Alcântara, onde estava o carrinho, o GPS indicava-me 28 Km,
olhei em frente e segui, bem, já que estás já aqui, agora vais até ao
Caís de Sodré apanhas o comboio e voltas para casa para um belo
almocito.
Passo pelo Caís de Sodré, tive tentado a ir beber uma ginjinha de Óbidos
para repor a glicose, mas felizmente desisti da (maluca) ideia e sem me
dar conta fui até à Praça do Comércio, entra-se pela Rua do Ouro, até
aos Restauradores, a cidade estava apinhada de gente, especialmente
turistas, que incrédulos olhavam para quem estava a correr, alguns
aplausos e palavras de incentivo.
De volta à Praça do Comércio o amigo Miguel Baptista tira-me uma foto e
após breve troca de palavras, já estou em Santa Apolónia, local onde se
efectuava o retorno da Meia-Maratona. De vez em quando lá ia molhado a
boca e o corpo, nesta fase o "muro" estava muito alto, tive que abrandar
e sem parar em passo rápido, vulgo, caminhada o relógio GPS indicava-me
que deslocava-me a 10 min/Km, mas nada poderia fazer, agora com novo
horizonte traçado e sem sequer ousar correr, arrastava-me penosamente,
agora nesta fase observava muitos atletas em situação idêntica à minha.
Agora queria era ver a ponte Vasco da Gama, desistir era morrer na
praia, nem pensar, continuo a ouvir rádio em passo acelerado, finalmente
depois de passar a zona industrial e contentores, ao entrar no Parque
das Nações, volto a ganhar vigor e energia e mesmo que lentamente,
retomo a corrida, contudo vou para os passeios, uma vez que o percurso
era de basalto, um pé mal colocado seria a morte do artista, depois
disto uma última subida e estaria na Avenida das Descobertas, uma
multidão que já tinha terminado as provas, já estavam na Estação do
Oriente, derradeiros metros corro para a fotografia, mas com o cuidado
de não cair, pois voltamos a encontrar o piso irregular e massacrante.
Cortei a meta, fui buscar a medalha, comi um gelado que por mim esperava
e satisfeitíssimo da vida, comecei a pensar no meu feito.
É certo que não sei se poderei considerar-me maratonista, pois muitas
vezes caminhei, o que seria suficiente para se ser desclassificado, mas
para mim, não tem importância, que me considerem ou não maratonista, o
que sei é que tenho o ego elevado e todo este suor, sacrifício e
sofrimento (três S´) serviram para dedicar à minha mulher, que
religiosamente se preocupa com as minhas maluqueiras da corrida e à
minha bonita e querida filhinha.
Sejam felizes e até à boda de ferro e madeira, no Porto, já no princípio
de próximo mês, mas que desta vez com treinos, pois aprendi a lição que
sem treinos, maior é o sofrimento e irei treinar...
Site da Prova: aqui
Classificação Geral: aqui
A minha prova: aqui