segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Maratona do Porto - 2012


A fé move montanhas e torna possível o impossível para aquele que crê verdadeiramente...

Há (certos) momentos que valem uma vida, todos nós sonhamos e queremos que os nossos sonhos se tornem reais, fazer uma maratona é um sonho (realizável) que exige dedicação, esforço, disciplina, sofrimento, perseverância e vontade de vencer.

Diz a sabedoria popular: " um livro, um filho, uma árvore..." pode ser verdadeiro para alguns e não para todos, convicente  para muitos e satisfatório para poucos, pois eu atrevo-me a acrescentar para todo o comum mortal... um livro, um filho, uma árvore e uma maratona.

Fiz a Maratona de Lisboa, em Dezembro do ano passado e depois de a ter terminado o pensamento  ou desejo imediato e quase que  inconsciente é  de quando e qual seria a próxima maratona, começo seriamente a ficar preocupado  e pensar que todos os corredores de louco, todos têm um pouco, ou serei só (apenas) eu ?

 Logo a dose teria que ser novamente experimentada...

Por várias vezes passou-me pela cabeça, fazer esta prova na Invicta, tive muitas vezes esse desabafo com o Hamilton quando a 14 de Agosto liga-me e pergunta:

Fábio sempre vamos fazer a Maratona do Porto?

Não recordo-me do que disse-lhe bem ao certo, mas fez-se magia por (breves) instantes, estava inesperadamente a ouvir o que ansiosamente queria, claro que a resposta foi afirmativa e eufórico senti-me como uma criança a quem dão um brinquedo e  tentado iludir-me pensei que desta vez fosse treinar a sério, o resto da história já (todos) conhecem, qual treinos, qual carapuça...de boas intenções está o inferno cheio!

Evitei ao máximo repetir  o erro de não seguir um plano de treinos como é estritamente aconselhável, para  quando voltasse a repetir a mítica distância de 42.195 Km, não fosse sofrer demasiado, fruto de irresponsabilidade, falta de rigor e método, infelizmente as palavras leva-as o vento não tendo treinado rigorosamente nada, limitei-me apenas em participar em provas desde o dia 16 de Setembro, na Meia Maratona que se disputou  também aqui na capital do norte e que dá o nome a prova e efectuado  um único treino longo no feriado de 5 de Outubro na companhia agradável de amigos, fiz(emos) 30 Km do Caís do Sodré até à Casa da Guia em Cascais.

Todos os dias adiava e numa luta interior, o hoje tornava-se amanhã, o amanhã no depois do amanhã e assim sucessivamente os dias passavam a semanas e semanas a meses e como o tempo voa sem notarmos, rapidamente chegou  o Dia D, ou melhor Dia M,  de Maratona , 28 de Outubro e sem a rotina do treino e seguindo um procedimento incorrecto, para não dizer absurdamente estúpido, atirei-me (novamente) de cabeça!

Não fujo a desafios, tive que jogar todas as cartas do baralho em cima da mesa e apostar no factor emocional e psicológico, ser forte mentalmente e o fisíco que se aguentasse à bobonca, como diz a música quando a cabeça não tem juízo o corpo é que paga, só algo extremamente forte impedir-me-ía de avançar, recuar não está no meu dicionário e nada me faria demover de alcançar o meu objectivo que tive que (re)definir e em vez de melhor o tempo da estreia, já me contentaria em simplesmente acabar mesmo fazendo pior registo.

Comparativamente ao ano passado, fui ainda mais descuidado e imprudente na alimentação, não ingeri tantos hidratos de carbono de absorção lenta, como é altamente recomendado, mas ao menos tive o cuidado em ingerir 2 litros e meio de água e a comer  banana e nozes em jejum e a meio da tarde.

Véspera da Prova ( 2012/10/27)
07H : 00 - Acordar com música dos U2.
07H : 20 - Banho matinal
07H : 30 - Pequeno-almoço: 1 copo de água morno, banana e um yogurt de morango.
07H : 40 - Saída para o ponto de encontro no Campo Grande, autocarro disponibilizado pela organização    da Maratona do Porto e colaboração da simpática Ana Pereira.
08H: 30 - Partida do autocarro, destino Porto.
12H: 30 - Levantamento dos dorsais no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, onde ao mesmo tempo decorria a "Pasta Party", refeição de massa própria para maratonistas.
13H:  30 - 21H: 00 - Após almoço (tardio) em casa de familiares, passeio turístico pelo Porto.
21H:  30 - Chegada ao Hotel.
22H:  00 - Jantar na churrasqueira, chegámos tarde ao hotel e com já quase tudo fechado, fomos comer só para "aconchegar" o estômago, como não havia massas, não tivemos outro remédio que não batatas fritas, frango e arroz q.b.diga-se muito convencional e apropriado para um desportista :-)
22H: 30 - Preparação do equipamento, de modo que estivesse logo pronto a vestir, sem esquecer de deixar por perto, vaselina e "energy gel".

Dia da Prova (2012/10/28)

06H : 20 - Acordar e tomar um banhozinho retemperador.
06H : 50 - 2 fatias de Broa de Avintes, que tinhámos comprado na churrasqueira, meio litro de bebida  isotónica.
08H : 00 - Conforme combinado, encontro dos 3 mosqueteiros na entrada do hotel ( Carmo, Gameiro e Hamilton).
09H : 00 - Começo da Odisseia.

No bolso dos calções de corrida, uma nota de 10 euros, uma imagem do Padre Pio, para as horas de infortúnio e sofrimento, o inseparável (companheiro) MP 3 para os momentos de solidão, Ventilan porque estava frio e vento e segundo conselho médico e a máquina fotográfica que desta vez não clicou ( quase) nada, mais um pouco e ainda corro com a mala do Sport Billy...

Dividi  mentalmente a prova em 3 partes: meia-maratona, que  já fiz algumas vezes e não é novidade e depois é como se fosse fazer duas provas de 10 Km, e esta distância, pensava baixinho, isto é canja, faço com um perna às costas, depois os últimos 2 quilómetros é só um pózinho!

A "meia-maratona" correu-me na perfeição, ritmo de 6 min/km apesar do batimento cardíaco alto para o que eu desejava, mas sempre tranquilo  e sem muito esforço.

Na primeira "prova de 10 Km", o andamento diminuiu significativamente, apesar de sentir-me bem e confortável, chego ao vigéssimo quinto quilómetro, no abastecimento só havia água, e supostamente era para ter também sólidos, segui em frente e fiz os restantes 5 quilómetros e para meu desapontamento, novamente água e uma só garrafa de powerade, os que vieram atrás só tiveram direito a água, novamente sem sólidos nem marmelada nem banana nem raio que pareça! Nem acreditei...

Tudo bem há outros abastecimentos pensei eu que só tinha trazido 2 géis um para o 10 e 15º. quilómetro porque tinha visto que a partir do vigéssimo deixava de só haver água, dou início à "2ª. prova de 10 Km", noto nitidamente uma quebra acentuada, chego ao 35º. Km os voluntários já arrumavam as mesas e já os funcionários da limpeza recolhiam o lixo e garrafas, nem acreditei, entretanto já começava a ter forte caibras as "barrigas da perna" doíam-me muito, nunca tinha passado por esta situação, hoje a frio deveria ter parado e alongado, persisti e alternava a corrida (lenta), com caminhada, não podia era parar e mesmo quando iniciava a corrida depois do andamento, custava e como custava, dores insuportáveis, mas pensava este é o espiríto da maratona...

Sabia que  fazendo 30 Km, nunca desistiria, nem que fosse a gatinhar ou  a rastejar, morrer na praia não é para mim, simplesmente não existe! "Ponto Final".

Finalmente chego ao último abastecimento antes da meta (40 Km) apesar de alguma réstia de esperança, a mesma desvaneceu-se rapidamente, só água novamente, fiquei incrédulo e estupefacto, o que pensarão os "turistas desportivos" que vinham ao meu lado e  atrás de mim? Fiquei triste e não pensei que esta prova que é considerada referência nesta distância falhasse e logo no essencial para as "tartarugas"! Segundo os que também comigo caminhavam e participaram no ano passado, os abastecimentos em 2011 foram em abundância, desde muita fruta variada e diversificada ( melancia) e bebidas isotónicas!

Sinceramente, não sei o que falhou neste capítulo! Não seria prudente a organização  e outras seguirem o último atleta, em vez da ambulância?
 
Bem, voltando à corrida, os dois quilómetros finais mesmo em esforço foram feitos a correr lentamente, até à meta da glória, perto de familiares e amigos.

Agora  venha a próxima...

Apesar da questão dos abastecimentos, reconheço que organizar uma maratona desta envergadura, não é tarefa fácil, antes pelo contrário, cerca de 10.000 participantes em todas as provas e sendo que 1668 terminaram a prova rainha, muitos atletas "nuestros hermanos", concerto de Fado no sábado, "Pasta Party" gratuita e a 6 euros para os acompanhantes, sistema de cronometragem a funcionar na perfeição, pacemakers para definição de tempos, animação em vários pontos com bandas musicais, dorsais personalizados e placas identificativas dos quilómetros.

Não sei se vou manter o blogue, irei fazer a Corrida da Ajuda e depois só devo voltar no próximo ano, logo se verá, despeço-me agradecendo a todos (familiares/amigos/companheiros) dedicando-lhes esta maratona que fiz e que estiveram sempre ao meu lado apoiando e incentivando-me, não querendo ser deselegante e porventura esquecer alguém não vou frisar nomes, pois os próprios sabem quem são! MUITO OBRIGADO!

Agradecimento especial à fotógrafa Sandra Oliveira!

Sabem quem é?

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